Código como ferramenta de criação de interfaces

Programação pode ser intimidador para muitos designers, mas apenas o conhecimento em HTML e CSS pode dar superpoderes às suas interfaces.

Quando comecei minha carreira eu fazia principalmente interfaces para os websites dos meus clientes. No entanto eu tinha que sempre contratar um desenvolvedor para terminar o trabalho, já que eu não sabia programar. Hoje, mais de 10 anos depois, esse ainda é o dilema de muitos designers.

Naquele tempo, por volta de 2005, ou você era designer ou você era programador, não existia meio termo. E a falta de entendimento entre esses dois de profissionais, fazia com que muitas vezes trabalho não fosse entregue da maneira com que o cliente aprovou.

O desenvolvedor frontend veio para preencher essa lacuna no mercado. O desenvolvedor frontend é o profissional que é especializado em escrever código HTML, CSS e Javascript, enquanto desenvolvedor backend é especializado em outras linguagens de programação como Ruby, Python, PHP entre muitas outras.

Mas mesmo com o surgimento do desenvolvedor frontend, essa é uma função que muito frequentemente é acumulada por um designer ou um desenvolvedor backend.

O Designer Frontend

Brad Frost, autor da metodologia Atomic Design, escreveu em seu blog um artigo falando sobre as características de um Designer Frontend. Traduzi os pontos principais onde ele descreve essas características:

Embora essas definições variem de um profissional para outro, nós designers trazemos uma grande bagagem quando o assunto é interface e experiência do usuário. Aliando esse nosso background com a capacidade técnica de criar interfaces funcionais traz uma infinidade de novas possibilidades, como por exemplo:

Esses são apenas três de vários outros pontos positivos de um designer aprender a programar. No entanto, mesmo sabendo de todas essas vantagens, isso não significa que você deva aprender só por aprender.

Redesign do processo criativo

Quanto mais eu estudava sobre HTML, CSS e Javascript, menos eu passava meu tempo fazendo design, criando telas. Cheguei a passar mais de um ano sem nem abrir o Photoshop. Confesso que por um tempo dei uma enferrujada como designer, por outro lado aprendi muito sobre desenvolvimento.

Enquanto eu trabalhava no redesign do Choco la Design para este ano, comecei fazendo um style guide, catalogando os componentes, paleta de cores e tipografia. Depois que montei algumas telas, resolvi que era hora de começar a codar o que eu já havia feito até então.

Depois de codar alguns dos componentes e começar a prototipar, encontrei cenários em que eu não havia pensado durante o processo de design.1

Levando isso para no contexto de uma empresa, certas mudanças no layout resultariam em uma nova aprovação de um stakeholder2 e, só então, a interface seria transformada em código.

Tendo essa primeira camada do código sendo feita durante o processo de design, simplifica e tornam mais viáveis alterações que, do contrário, seriam mais complexas. Portanto, essas alterações se tornam tarefas triviais uma vez que que no código você tem mais flexibilidade, além de poder fazer essas mudanças em escala e com o resultado final da implementação.

Em resumo…

Aprender a programar é, sem dúvidas, um excelente investimento e é uma habilidade que vai fazer o par perfeito com seus conhecimentos de UI e UX Design. Mas isso não significa que você deva aprender sem nenhum objetivo em mente.

Ferramentas como SketchApp, Adobe Xd e Figma tem funcionalidades de prototipação onde você pode explorar comportamentos muito similares à aplicativos reais. Além dessas ferramentas, o Webflow, oferece uma interface intuitiva que torna relativamente fácil o entendimento de alguns aspectos de HTML e CSS.

⭐️ ProTip: Avalie suas possibilidades, necessidades e interesses antes de dar esse passo. Apesar da infinidade de benefícios, para alguns designers, aprender a programar pode ser confuso e frustrante, então veja isso como oportunidade de expandir a sua área de atuação e não como uma regra.

  1. Essas notas de rodapé, por exemplo, eu fiz o design enquanto codava e escrevia esse artigo. 

  2. O stakeholder é uma pessoa ou um grupo, que legitima as ações de uma organização e que tem um papel direto ou indireto na gestão e resultados dessa mesma organização. 

Filipe Fernandes
Filipe Fernandes

Sou um designer apaixonado por programação com mais de 10 anos de expriência no Design de Interfaces e Frontend. No Choco la Design ajudo designers e desenvolvedores a otimizarem as entregas de produtos digitais compartilhando conteúdo e experiências pessoais.

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